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Influência do silício na cultura do milho e na resistência a pragas

Pesquisas apontam para os benefícios que o silício traz para a agricultura, mas este elemento não costuma estar presente no solo na forma disponível para as plantas: o ácido monossilícico (H4SiO2). Por isso é importante que o silício seja incluído nos programas de adubação.

A importância do silício na agricultura

A adubação é uma prática essencial na agricultura, já que ela repõe os nutrientes que as plantas retiram do solo durante o seu desenvolvimento, mantendo a fertilidade.

Quando se pensa em fertilidade do solo, logo vêm à mente nutrientes como o potássio, o nitrogênio, o fósforo e o enxofre. Entretanto, cada vez mais as pesquisas têm se voltado para um elemento que nem sempre é lembrado na hora do manejo agrícola: o silício.

Entre as melhorias que o uso silício na agricultura traz, se destacam:

  • Fornece proteção contra vários tipos de estresses abióticos e bióticos;
  • Melhoria da produtividade das culturas;
  • Diminui a incidência e severidade de
    doenças em muitas culturas
  • Auxílio na defesa das plantas contra pragas;

Mas, quais são os benefícios do uso do silício na cultura do milho?

Sua aplicação influencia de alguma forma na produtividade ou na resistência contra pragas? 

Como o silício melhora a produtividade do milho?

O silício é absorvido pelas plantas na forma de ácido monossilícico (H4SiO2) e a sua dinâmica dentro da fisiologia vegetal varia de planta para planta.

Entretanto, de maneira geral, pode-se dividir as espécies em categorias, de acordo com a sua taxa de absorção de silício. São elas:

  • Acumuladoras de silício (10 a 15% da massa seca da planta);
  • Intermediárias (1 a 3% da massa seca da planta);
  • Não acumuladoras de silício (menos de 1% da massa seca da planta).

As plantas da família das gramíneas, como o milho, são conhecidas por serem acumuladoras de silício. De acordo com o pesquisador Gaspar Henrique Korndörfer, no artigo Existe alguma relação entre Si e Plantio direto?, o acúmulo de silício no milho é de 2,5 a 11 gramas por quilograma de matéria seca.

Estudos têm demonstrado que, quando aplicado em estágios iniciais da lavoura, o silício é capaz de aumentar a produtividade do milho de segunda safra, também conhecido como milho safrinha.

Algumas das melhorias que o silício pode promover na produção são:

  • Aumento do diâmetro da espiga
  • Aumento do número de fileiras por espiga
  • Aumento do número de grãos por fileira
  • E maior resistência das plantas aos estresses e às pragas e doenças.

Mas, como o silício estimula a indução da resistência a pragas e doenças no milho?

À medida em que as plantas de milho continuam o seu processo de crescimento, a dinâmica do silício na planta faz com que esse elemento comece a se acumular abaixo da cutícula dos tecidos vegetais, formando uma dupla camada de sílica.

Essa camada torna os tecidos vegetais mais resistentes, formando uma espécie de barreira física que consegue danificar o aparelho bucal de insetos como lagartas, diminuindo ou atrasando a velocidade dos danos e deixando as pragas mais expostas a atuação de inimigos naturais e outros agentes de controle.

A lagarta-do-cartucho é a principal praga da cultura do milho no Brasil, devido aos danos causados e pelo difícil controle. 

David Nataren Perdomo, no trabalho Doses de silício na produtividade e na indução de resistência de plantas de milho a Spodoptera frugiperda (Smith) (Lepidoptera: noctuidae)verificou a aplicação de doses a partir de 450 kg.ha-1 de silício no solo aumentaram o teor foliar desse elemento nas plantas de milho e induziram resistência ao ataque de lagarta-do-cartucho, nas condições do experimento conduzido por ele.

Em um estudo similar, intitulado Efeito da aplicação de silício em plantas de milho no desenvolvimento biológico da lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda (J.E.Smith) (Lepidoptera: noctuidae), Marcio M. Goussain e outros pesquisadores verificaram que o sillício torna os tecidos foliares mais rígidos, causando o desgaste mandibular nas lagartas-do-cartucho presentes em plantas de milho tratadas resultando em:

  • Uma mortalidade duas vezes maior dos insetos;
  • Um índice de canibalismo oito vezes maior entre as lagartas-do-cartucho.

A ação física do silício nas plantas, o que inclui o milho, também melhora a estrutura da planta, o que tem influência sobre fatores como:

  • O aproveitamento da radiação solar e conversão de fotoassimilados, que serão transportados para os grãos;
  • A redução do autossombreamento, favorecendo a diminuição da perda excessiva de água por transpiração;
  • O aumento da resistência da planta ao ataque de fungos patogênicos.
  • O desempenho da planta em condições de estresse hídrico.

Com a melhoria desses fatores, as plantas podem lidar de maneira melhor com as pragas e doenças. Resumindo, ainda que ele não seja considerado um nutriente essencial para as plantas, a aplicação do silício ajuda a melhorar a produtividade do milho e tem um papel relevante na indução da resistência dessa cultura a pragas.

Por isso, a inclusão desse elemento nos programas de adubação, através de fontes de silício adequadas, que ajudem a construir a fertilidade do solo de maneira eficiente, é um recurso importante para aprimorar o manejo não só do milho mas de outras culturas também!

Maycon Farias

Gerente de Operações – Edem Agrominerais

Técnico em Agropecuária

Administrador de Empresas

Agronegócio

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